Ter grande conhecimento não é a mesma coisa que ser inteligente; inteligência não é apenas informação mas também critério, o modo como a informação é coordenada e utilizada. Então, a informação á qual se tem acesso é um dos índicies de inteligência. O padrão de medida, a unidade de informação, é uma coisa chamada bit(binary digit). É uma resposta de sim ou não, 0/1, a uma determinada pergunta. A resposta para se a lâmpada está apagada requer apenas um bit de informação. Para designar uma das 26 letras do alfabeto é necessário 5 bits, 2^5. O número total de bits de um progama de TV de 1 hora de duração é aproximadamente 10^12 bits. Esse número calibra de maneira imprecisa a quantidade de todo conhecimento humano registrada em palavras e figuras de todos os livros de todas as bibliotecas da terra em algo próximo a 10^16 ou 10^17. Com a chegada da internet podemos imaginar que a quantidade de informação contida em nosso planeta em meios digitais é algo próximo a 10^30.
Os animais mais fascinantes do mundo, depois do ser humano, são as baleias e os golfinhos. As baleias são graciosas senhoras do oceano profundo, recém-chegadas considerando que a 70 milhões de anos seus ancestrais eram mamíferos carnívoros terrestres. As baleinhas são muito próximas de suas mães, ficam um longo período com ela aprendendo e brincando. Brincadeira é um passatempo típico e bem importante para o desenvolvimento da inteligência. O método de comunidação das baleias é o mais sofisticado que a natureza pode oferecer. A comunicação por meio do som. Alguns desses sons são chamados de canções. Elas podem durar uma hora e podem ser repetidas, nota por nota, mesmo meses depois. Baleias são boas em lembrar de coisas. Novas canções são compostas também. As baleias costumam cantar juntas. E essas músicas são incrivelmente complexas, com uma quantidade de informação comparável a Ilíada, ou Odisséia. Infelizmente, não sabemos o que essas baleias falam, nem o seus primos os golfinhos falam. Eles não fazem grandes obras de engenharia ou de matemática, mas tem uma vida social ativa. A maior ameaça para as baleias é um animal recém-chegado, com um cérebro pensante e sem pelos. O ser humano, com sua tecnologia, não existia durante 99% do tempo da existência das baleias.
A rede se comunicação por som das baleias pode atravessar todo o globo, é uma rede de comunicação global na maioria das vezes inpercepitível para os outros animais. Infelizmente, esse ser humano se tornou a espécie dominante, e vem poluindo tanto o mar quando o som, com seus televisores, navios a vapor, trens a vapor, o mundo agora está completamente poluído sonoramente. E isso afetou as baleias, a distância percorrida por um sonar de baleia diminuiu muito, muito mesmo. A baleia azul era capaz de falar com outras de sua espécie a 18 mil quilômetros, hoje talvez a apenas centenas de quilômetros. Não apenas isso, mas esses animais são caçados, traficados e domesticados em cativeiro. Esses animais são inteligêntes, tem sentimentos e uma pequena capacidade de raciocínio, mas mesmo assim são traficadas e assasinadas, e viram produtos de beleza. Se queremos desenvolver uma boa relação com inteligências extraterrestres deveríamos primeiro desenvolver uma boa relação com inteligências terrestres, como as baleias. Será que essas delicadas senhoras se comunicam por nomes? Reconhcem umas as outras pelo som? Jogam pique bandeira?
A baleia, assim como todos os outros animais da Terra, tem uma biblioteca nos genes e uma no cérebro. Seus genes, assim como os do ser humano, é feito de ácido nucleico, moléculas extraordinárias que se reproduzem a partir de blocos de construção de natureza química, que colocam a informação hereditária em ação. As enzimas da baleia são iguais as que você tem em seu corpo. A informação armazenada na dupla hélice do DNA de qualquer ser vivo conhecido é escrita em uma linguagem de quatro letras - os nucleotídeos. Um vírus precisa de 10 mil bits, mais ou menos a informação contida nessa página, para poder transmitir o material hereditário. Os vírus são compactos, simples e assustadoramente eficientes. Eles só precisam disso para infestar e vencer de um corpo com um número de bits bem maior, veremos a seguir. Uma bactéria possúi 1 milhão de bits, umas cem páginas, para realizar todas as suas ações. Uma ameba unicelular em nado livre é bem mais sofisticada, aproximadamente 400 milhões de bits em seu DNA, algo como oitenta livros com 500 páginas cada. Se você achou isso muito, a quantidade e informações genéticas em uma baleia ou em um ser humano é aproximadamente 5 bilhões de bits. A nossa eciclopédia da vida encheria proximadamente mil volumes de livros. Cada uma das 100 trilhões de células com informações sobre como criar você. Todas essas células surgem de apenas uma, dada pelos seus pais. Toda a informação que você tem é copiada com grande fidelidade, um erro pode ser fatal, e todas as suas células a possuem. As células do seu fígado tem instruções de como fazer ossos, mas elas não são utilizadas e vice-versa. Tudo, absolutamente tudo está escrito em grandes, redundantes e chatos detalhes. São detalhes bem exaustivos de tão grandes. Comer uma maça por exemplo é tão complicado quanto criar um progama de computador. Se você tivesse que realizar todo o processo pela sua mente, morreria de fome. Mas até as bactérias se alimentam, esse é o poder de informação pré-progamada e trilhões de dedicados trabalhadores. Temos muitas intruções genéticas comums com a árvore que está do seu lado, isso mostra nossa herança evolucionária. Mesmo os nossos computadores mais avançados não consguem replicar todo o trabalho realizado por nosso corpo, acabamos de começar enquanto o DNA tem bilhões de ano, o DNA sabe disso.
Mas, agora suponha que você está em um ambiente de grande mudança e tão hostíl que, mesmo com mil volumes de informações genéticas, não é o suficiente. Por isso temos o cérebro. Como todos os outros orgãos o cérebro evoluiu desde o tronco encefálico até a complexidade que é hoje. Até chegar na criação máxima da engenharia genética, o córtex cerebral, onde matéria é convertida em consciência. Mais de dois terços da masse cerebral é compreendido apenas por análise crítica e intuição. É onde temos ideias, inpirações, lemos, escrevemos, realizamos operações de matemática e compomos músicas. O córtex regula nossa vida consciente, é distintivo de nossa espécie, a sede de nossa humanidade. A civilização inteira é produto do córtex cerebral. Sua linguagem não é a mesma dos genes, tudo que sabemos está codificado pelas células chamadas neurônios. Temos algo como 100 bilhões de neurônios, todos com conexões com seus vizinhos, isso dá aproximadamente 100 trilhões de conexões no córtex. Só de você acordar já é uma avaçanche que ocorre para que todas as funções se ativem. Mesmo no sono o cérebro continua funcionando, ppulsando, palpitando e lampejando nesses afazeres complexos que são a imaginação e o sonho dos homens. Todos nossos pensamentos, visões e fantasias têm uma realidade física. Se visitarmos um neurônio veríamos o padrão intrincado e complexo. Desde uma lembrança de um balanço na infância até o alerta de "onde estão minhas chaves?". Essas são as montanhas e vales da mente. Num crânio cujo tamanho é limitado temos vales quase infinitos de informação e processamento, de fato é maior por dentro. O funcionamento do cérebro é mais complexo que qualquer computador, mesmo quântico, feito até hoje. O hemisférios esquerdo do cérebro se ocupa com o pensamente analítico, crítico e racional. Já o direito é repsonsável pelo reconhecimento de padrões, pela intuição, pela sensibilidade e por insigths criativos. Esses dois juntos formam a mente capaz de conquistar as estrelas. Provêm os meios para a geração de ideias e para testar suas validades. Eles mantém entre sí um diálogo contínuo, transmitido por feizes nervosos, a ponte entre cratividade e análise, ambas necessárias para compreensão do mundo. Todo esse conteúdo informacional presente no cérebro é cerca de 100 trilhões de bits. Algo como 20 milhões de livros ou equivalente a todas as estrelas de todas as 100 bilhões de galáxias. O cérebro humano é de longe a mior biblioteca do mundo. 10 mil vezes maior que a genética.
"Nossa paixão por aprender, manifesta no comportamento de cada bebê, é a ferramenta de nossa sobrevivência.", Carl Sagan.
Muitos outros animais também possuem sentimentos e emoções, o que nos diferencia é o pensamento, o córtex é de fato uma libertação. Depois de muito tempo de tentativa e erro finalmente a natureza acertou na mosca. Quando nós não connseguíamos armazenar todas as informações de nosso mundo, criamos uma orgão para aprender, para armazenar e para gerar conhecimento. O local de armazenamento se chama biblioteca.
Um livro é feito a partir de vários pedaços de árvore onde foram impressas pigmentos pretos, onde você pode ler o pensamento de outra pessoa, você entra na mente dela, mesmo milhares de anos após sua morte o autor está falando especificamente para você. A escrita pode de fato ser a maior das invenções humanas. É atravéz dos livros que toda a informação é armazenada esperando o leitor certo para então florescer e se desenvolver. Hoje grande parte de toda a população sabe ler, a mágica está por toda parte e a mágica espalhada, o trabalho de nossos ancestrais está preservado e mantido. Temos mais livros e mais informação do que as informações de nossos genes, a chave é saber quais livros ler. Já se completaram 23 séculos desde a Biblioteca de Alexandria, se não houvessem registros de todas as informações aprendidas estaríamos na idade da pedra ainda. Livros nos permitem entrar na mente de nossos ancestrais e compartilhar parte de seu conhecimento, aos maiores professores e filósofos, aos maiores conquistadores e líderes militares. Se Platão e Aristóteles são de fato a base para a civilização, os livros são os meios que podemos entedé-los. Imagine o mundo sem a bíblia, não é conhecidência Deus escolher um livro para transmitir o conhecimento da humanidade. O futuro da espécie pode depender da quantidade de dinheiro que investimos em bibliotecas. Elas são os alicérces de nossa cultura e de nosso futuro.
Somos de fato muito raros, se tudo na Terra começasse de novo a chance de termos outro ser humano é de quase 0. Temos dez dedos, usamos base 10 nas contas. Se houvesse apenas uma minúscula mudança, não seríamos seres humanos. Temos sorte dos dinossauros terem sido extintos, caso contrário poderíamos não ser a raça dominante, assim como não éramos em sua época. Ninguém imaginaria que uma raça de mamíferos não interessantes se tornariam criaturas tão interessantes e dotadas de conhecimento como nós. Se uma tempestade elétrica não tivesse ocorrido, ou uma erupção solar, nada seria assim. Se acharmos espécies mais inteligentes ou inteligentes, a quantidade de informação que eles tenham assim como as conexões neurais poderiam ser o dobro da gente, assim como a metade. Eles poderiam pensar 10 vezes mais rápido, e ter o poder de processamento de computadores, assim como poderiam pensar bem mais lentos que o ser humano, em 99% das vezes não usamos todo o poder de nossa mente, quanto mais concentrados estamos mais rápidos pensamos e melhores imagens mentais criamos. Tente jogar um xadrez com a mente, com treinamento e dedicação você consegue. Ambas as raças gostariam de estudar umas as outras. Estamos enviando sinais de raio e de luz para todo o canto. Tanto mensagens de boas vindas quanto os progamas de televisão que assistimos são enviados ao espaço e viajam por todo o Cosmos, imagine o que uma raça estranha pensaria se visse um noticiário do 11 de Setembro ou da primavera árabe. Em alguns anos nossos progamas matinais chegarão a Alfa de Centauro. A Voyager é uma espaçonave que está atravessando nosso sitema solar e que contém informações de nosso código genético, de nossas lingua, uma mensagem de boas vindas assim como músicas e progamas de televisão, enviadas na esperança de uma raça alienígina possa enterceptar e talvéz até entender, uma raça bem esperta certamente entenderia. Nosso conhecimento é incrível e a quantidade de informação que nos cerca gigantesca, mas devemos mudar nossas atitudes perante as baleias e ao planeta em sí. Caso contrário todo o esforço seria em vão.
Fonte: Cosmos, Carl Sagan(livro)
Voltar para a página inicial