Nos vastos espaços entre planetas há muitos objetos, alguns rochosos, outros metálicos, alguns de gelo, alguns compostos em parte por matéria orgânica. O tamanho de cada um pode variar de um grão de poeira até um país pequeno, como a Nicarágua. E às vezes, por acaso, há um planeta em seu caminho.
Um cometa é feito principalmente de gelo (gelo de água (H20), e gelo de amônia(NH3)). Ao ir de encontro à atmosfera da terra, um modesto fragmento de cometa pode produzir uma brilhante e grande bola de fogo e uma poderosa onda de choque, capaz de incendiar árvores, arrastar florestas e ser ouvida em todo o mundo. Mas poderia não criar uma grande cratera no solo. O gelo se derreteria durante a entrada. Seriam deixados poucos documentos reconhecíveis do cometa - talvez apenas um punhado das partes de pequenos grãos de partes não geladas de seu núcleo.
Numa noite muito clara, se você observar o céu com paciência, vai perceber um meteoro solitário brilhando por poucos momentos lé em cima. Poucas vezes no ano se pode ver até mesmo um conjunto desses meteoros. Meteoros são diferentes de cometas, eles são feitos de de grãos minúsculos, do tamanho de um grão de mostarda. Eles se tornam momentaneamente brilhantes quando entram em contato com a atmosfera da terra. São aquecidos, e destruídos pela fricção a uma distância de aproximadamente cem quilômetros de altitude. Os meteoros são os remanescentes dos cometas, os antigos cometas, quando passam perto do Sol, se desintegram, rompem e evaporão. Seus destroços se espalham, formando assim os meteoros. Parte desse enxame pode estar na órbita terrestre, ou a caminho dela, dessa forma, todo dia 30 de junho ocorre uma chuva de meteoros. As chuvas de meteoros não são nada mais nada menos que grãos de poeira, meteoros, entrando em contato com a atmosfera da terra e evaporando.
Sempre houve muita superstição quanto a existência de cometas, geralmente sempre vinham com uma premonição de destruição. Os babilônios achavam que os cometas eram barbas celestiais, os gregos pensavam que eram um cabelo solto, os árabes pensavam em espadas flamejantes. Ptolomeu considerava que os cometas vinham seguidos de guerra, clima seco, e tudo mais. Alguns luteranos consideravam o símbolo do pecado humano.
O cometa mais antigo registrado é o cometa Halley. Ele foi primeiramente registrado no Livro do Princípe Huai Nan, chinês. O ano era 1057 a.c. Flávio Josefo escreveu sobre uma espada que pendeu sobre Jerusalém durante um ano inteiro, esse também era o Halley. Uma coisa interessante é que nesse período, eles consideravam ser o pressâgio para o fim de um reino, então invadiram a Ingletarra, de maneira bem precipitada e adiantada. Em 1301, o grande pintor Giotto, testemunhou outra aparição do Halley. Agora, o mais importante foi o 1466 d.c. Ele foi novamente o retorno do Halley, e fez toda a europa cristã entrar em pânico. Eles temeram que Deus estivesse do lado dos Turcos, que haviam acabado de tomar Constantinopla. Imagina o medo deles.
Os grandes astrônomos dos séculos XVI e XVII eram fascinados por cometas. Mesmo Newton ficou um pouco tonto por causa deles. Kepler os descreveu: "como peixes no mar", mas sendo dissipado pela luz solar, já que a cauda está sempre apontada para o lado oposto do Sol. David Hume teorizou que era um tipo de "reprodução interestelar".
Durante sua graduação, Newton ficou noites e mais noites buscando cometas a olho nu. Ele procurava com tanto fervor que ficou doente por exaustão. Ele juntamente com Kepler, Tycho e Aristóteles concluiram que os cometas não eram da atmosfera terrestre, eram de uma distância maior que a da Lua, porém menor que Saturno. Cometas brilham, assim como tudo mais, ao refletir a luz do Sol e, como Newton escreveu: "Muitos pensam erroneamente que eles estão à mesma distância das estrelas fixas; pois se fosse assim, os cometas não poderia receber mais luz do nosso Sol do que recebem nossos planetas e estrelas fixas". Newton também acertou que: "Cometas são espécies de planetas que giram em torno de órbitas muito excêntricas em torno do Sol". Esses comentários de Newton sobre cometas fizeram seu amigo, Edmund Halley, em 1707, calcular e perceber que havia um intervalo de 76 anos entre as aparições do cometa Halley. Ele previu a próxima chegada, e seu nome foi posto no cometa como uma homenagem.
Uma coisa interessante é que o choque entre um cometa e um planeta pode ser bem interessante para um planeta. Marte, por exemplo, tem toda a água na sua atmosfera proveniente de cometas(lembrando que cometas são feitos em grande parte de água congelada). Newton percebeu que a matéria na cauda dos cometas se dissipa no espaço interplanetário, perdida pelos cometas e aos poucos atraída gravitacionalmente para planetas próximos. Newton foi além, considerou que toda a água e ar na terra se devem aos cometas, e que caso fique sem cair cometas por muito tempo, teremos falta desses recursos.
Em 1868 Huggins descobriu que existia matéria orgânica nos cometas. Anos depois foi identificado a presença de cianetos. Claro que, no século XX, na primeira passagem do Halley, todos acharam que era o fim do mundo só porque foi achado a presença de cianetos na cauda dos cometas. A chance de envenenamento por cometa são nulas, pelo que se sabe.
As órbitas dos cometas são bem mais elípticas do que a dos planetas. Isso provavelmente porque os planetas com órbitas muito elíptcas se chocavam e se destroçavam. Os planetas de fato são os veteranos, os velha guarda, e os cometas são os novatos. O número de colisões no sistema solar são muito grandes, só olhar para a Lua.
Na parte mais externa do sistema solar, existe uma nuvem de 1 milhão de núcleos cometários, todos orbitando o Sol a uma grande velocidade. Os cometas mais comuns são bolas de neve de 1 quilômetro de diâmetro. A maioria deles nunca viria para o centro, a direção dos planetas, mas de vez em quando pode ocorrer uma pertubação gravitacional que faz com que eles venham para cá, talvez uma estrela de passagem. A órbita desses cometas que vem em direção ao Sol é uma elípse bem acentuada. Ela se concerta com a influência da gravidade de Júpiter e Saturno, que desciam da terra. Quando se aproxima desses locais, começa a queimar, a matéria que o Sol lança, os ventos solares, manda gelo e poeira, isso que causa a cauda do cometa. A cauda vai cada vez mais aumentando, quanto mais gelo e poeira recebe.
É questão de tempo um desses cometas atingirem a terra. Isso na verdade acontece todo dia. Pequenos pedaços de gelo se destroçam na atmosfera toda hora. O impacto de um cometa grande, como o de Tunguska, acontecem de mil em mil anos, é bem raro. Pense como o espaço é grande. Multiplique sua imaginação por mil. Esse é o tamanho aproximado do espaço. Os cometas se aproximarem não é comum, os cometas se destroçarem e cai na terra, é comum, mas um planeta do tamanho da Halley cair na terra, é tão raro, talvez ocorra em 1 bilhão de anos.
Também devemos lembrar que ocorre os processos de erosão na terra, que elimina os vestígios de pequenos cometas caírem na terra. Isso não ocorre na Lua. Sem vento, nem água, nem erosão, uma cratera de um pequeno cometa de gelo pode ficar lá po milhões de anos. Um de rocha, ainda mais tempo. Esses impactos não se restrigem apenas a Lua e a Terra, quase todos os planetas do sistema solar sofrem isso. Os planetas com superfície sólida, Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, tem várias marcas de colisões. Eles ficam mais pertos do Sol, são como campistas em uma fogueira. Júpiter e Saturno, por serem planetas gasos, não sofreriam nada, o cometa simplesmente atravessaria. Esses são de fatos planetas, não restos de fragmentos, como os 4 primeiros. Eles tem atmosfera e nuvens multicoloridas, ricos em hidrogênio, metâno e água. Temos também vestígios de colisões antigas lá, só olhar o grande número de luas de Júpiter e os aneis de Saturno, deve ter rolado uma briga feia lá.
Se você olhar para a Lua agora, verá várias crateras. O próprio São Jorge, são resultados de uma época de bullyng com nosso satélite natural. As crateras são negras por ter tido uma subida da lava e depois ela congelou.
Inclusive, é possível se ver um impacto de um cometa na Lua, caso aconteça um grande o suficiente. Temos alguns registros históricos que mostram que nossos antepassados viram clarões na Lua, imaginados que seja esse o motivo. Sem erosão, água, e cento, deve ser mais comum ver um impacto na Lua que na Terra. As vezes, ocorre uma colisão entre asteroides, e os meteoritos acabam caindo na Terra.
O grande cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter pode ter impedido a formação de vários planetas. Mas ainda não sabemos como um planeta pode explodir. Ainda bem.
Os anéis de Saturno se parecem muito com o cinturão de asteroides. São milhões, bilhões de fragmentos de gelo orbitando o planeta. Pode ser o destroço de uma Lua próxima, ou são destroços que são atraídos pela gravidade de Saturno. Júpiter, Urano e Neturno também possuem pequenos aneis, nada comparável com os de Saturno. Um psiquiatra russo imaginou que Vênus era o resultado de um cometa que foi atraído gravitacionalmente para longe de Júpiter e pegou uma órbita estável, não tão elíptica. Ele considera que foi esse evento que abriu o mar vermelho. É impossível um evento dessa magnitude, um cometa ser lançado para cá e ter alcançado uma órbita não tão elíptica, como normalmente são a dos cometas, em um período tão recente de tempo. Além disso, Vênus é rochoso e metálico, e pobre em hidrogênio, diferentemente de Júpiter, que é rico e que, segunda a teoria, seria uma espécie de pai. Mas valeu a tentativa, ele fez uma hipótese bem abrangente.
Fonte: Cosmos, Carl Sagan (livro)
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