Índias Ocidentais, Huygens e Voyager

writer: Daniel Matos

Vivemos na época em que humanos começaram a explorar as águas deste vasto universo. Várias naves, não tripuladas ainda, vão para as órbitas keplerianas, alguns satélites somente observam, outros rovers pousam, dos planetas e alguns asteroides do nosso Sistema Solar. São objetos de uma engenharia brilhante, com robôs a bordo que exploram esses novos mundos. Todos esses laboratórios ambulantes são controlados por pontes de controle aqui no pálido ponto azul chamado Terra. Alguns na Califórnia, nos Estados Unidos, outros na Rússia e outros na China.

Em 9 de Julho de 1979, uma espaçonave chamada Voyager 2 chegava ao sistema Júpiter. Estava a dois anos no espaço interplanetário. Tem milhões de componentes separados, juntados de forma que caso um sistema falhe, outros assumiram seu lugar. Tem 0,9 toneladas e preencheria uma sala de estar. Está tão longe do Sol, cada vez mais longe, que não pode usar energia de paneis solares, como alguns rovers lunares. A Voyager 2 usa uma pequena fonte de energia nuclear, extraindo uma energia colossal do decaimento de uma pelota de plutônio. Ele recebe instruções da Terra, até antes de parar de funcionar, milhões de kilômetros de distância atravéz de ondas de rádio, e enviava fotos atravéz de uma antena de 3,7 metros de diâmetro. Tem diversos de equipamentos científicos, de todos os tipos de espectros de luz, literalmente um laboratório ambulante.

Voyager 2

Júpiter tem uma casca de partículas inviséveis, com alta energia e uma alta radioatividade. Para poder observar de perto as Luas e o próprio planeta, a Voyager 2 teria de atravessar a beirada exterior desse cinturão de radiação, e depois seguiria a sua missão para Saturno. Júpiter também é cercado de detritos sólidos, descobertos pela Voyager 1 que havia chagado naquele local pouco tempo antes, e tudo isso poderia danificar o sistema do satélite. Uma junção de massa encefálica de vários cientistas bem espertos com um robô tão esperto quanto, fez com que a nave atravesasse este difícil obstáculo. Isso depois de ter passado pelo quante cinturão de asteroides e cometasa que se localiza entre Júpiter e Marte.

Essas grandes viagens pioneiras são as últimas de uma série de explorações e viagens que percorreram toda a história humana. Nos séculos XV e XVI o tempo da viagem entre a Espanha até a ilha de Açores levaria alguns dias, o mesmo tempo que se leva hoje para atravessar da Terra para a Lua. Eram necessários alguns meses para atravessar o atlântico e chegar no famoso "novo mundo". Hoje demora esse mesmo tempo para chegar em novos mundos, como Marte e Vênus, atravessando o grande oceano do Sistema Solar, surfando nas manchas solares e sendo empurrado pela massa dos planetas. Nos séculos XVII e XVIII se poderia ir da China à Holanda em um ano ou dois, o tempo que a Voyager gastou para ir da Terra para Júpiter. Os custos anuais, equivalando os preços da época e agora, foram mais caros antes do que agora.

O período do século XV ao XVII representa um grande ponto de inflexão da nossa história, uma vira volta. Acabamos com medos bobos e grandes desafíos, e ficou claro que podíamos nos aventurar em todas as partes do paneta. Meia dúzia de nações a vela, destemidas, de meia dúzia de nações europeias se dispersaram por todos os oceanos de cada parte do mundo. Havia motivações boas: orgulho nacional, curiosidade científica, sede de aventuras, indisponibilidade de empregos e missões missionárias. Assim como houve motivações ruims: ambição, ganância, indultos de prisão, entre outros. Essas viagens também tiveram resultados bons e ruims. O resultado de uma forma geral foi uma união da Terra, de todos os países da Terra, para unificar a espécie e avançar poderosamente no conhecimento de nosso planeta, assim como de nos mesmos. Houve alguns crimes contra a humanidade que são indefensáveis, como o extermínio em massa de índios, mas teve sim resultados bons.

Símbolo daquele tempo foi a república holandesa do século XVII. Tendo declarado a independência do grande Império Espanhol a pouco tempo, foi o país que mais abraçou o Iluminismo Europeu, com toda a força. Uma sociedade organizada, racional e criativa, a sobrevivência da república morava dependia da sua capacidade para construir, tripular e acionar uma grande frota de navios comerciais, visto que o país era bem pequeno e toda a forta anterior havia sido levada pelo Império Espanhol. Eles realmente conseguiram.

A Companhia das Índias Orientais, um empreendimento conjunto de governo e iniciativa privada, enviou navios para os cantos mais afastados do mundo para adquirir mercadorias raras e revendê-las na Europa com um lucro muito alto. Essas viagens contituiram o sangue vital da república. Cartas de navegação e mapas eram classificados como segredo de Estado, alguns navios com requência zarpavam com instruções secretas e seladas. Num estalar de dedos os Holandeses estavam presentes em todo o mundo. Sério, antes não se houvia falar deles, e num estalar de dedos eles possuem o maior empreendimento náutico do mundo.

O mar de Barents, no Oceano Atlântico, e a Tasmânia, na Austrália, devem seus nomes a capitães do mar holandeses, não britânicos. Essas além de grandes explorações comerciais, foram elementos poderosos de aventura científica e do gosto pela descoberta de novas terras, plantas e animais, povos, a busca do conhecimento por sí mesmo. O prédio da prefeitura de Amsterdam revela essa autoimagem confiante e Iluminista. Para sua construção foram trazidos navios carregados de mármore. Constantijn Huygens, poeta e diplomata da época, assinalou que o edifício demonstrava a "estreiteza da visão e a esqualidez do gótico". No prédio, ainda hoje, tem uma estátua de Atlas sustentando os céus, ordenando as constelações. Embaixo está a justiça, ostentando uma espada dourada e uma balança, de pé enter a Morte e a Punição, e pisando na Avareza e Inveja, deusas dos mercadores. Um símbolo menos alegórico encontra-se debaixo de Atlas e da Justiça, é um grande mapa nele incrustado do final do século XVII, que se estende do Oeste da África ao Oceano Pacífico. A arena da Holanda era o mundo inteiro, e com uma modéstia que desarma qualquer crítica, os holandeses omitira a si mesmos, usando apenas o antigo nome em latim Belgium para designar sua região da Europa.

Em um ano normal, muitos navios percorriam metade do mundo, descendo pela costa da África, passando por Madagascar, e atravessando a Etiópia até chegar em seu destido: a Indonésia, ou ilha das especiarias. Algumas espedições chegariam mais longe, até a Nova Holanda, ou, como é chamado hoje em dia, Austrália. Poucos ainda iam para o norte, em direção à China. Os cidadãos, embaixadores e capitães ficavam de espanto ao deparar com outra civilização na Cidade Imperial de Pequim, mesmo Marco Polo ficou de cara. Nunca a Holanda foi tão poderosa quanto nessa época, um país pequeno, sem recursos de grande valor, tendo de recorrer a sagacidade e inventividade, teve uma influência na política externa de um gigante.

Devido a sua tolerância para com opiniões heterodoxas, era um porto seguro para intelectuais que se refugiavam da censura e do controle de opinião que havia em boa parte da Europa, assim como os Estados Unidos fizeram durante o nazismo. Assim, a Holanda do século XVII tornou-se o lar do grande filósofo judeu Espinoza, que Einstein admirava, de Decartes, figura axial de extrema importância da história da matemática e da filosofia, e de John Locke, que dispensa apresentação, influenciou um grupinho de revolucionários de inclinação filosófica chamados Paine, Hamilton, Adams, Franklin e Jefferson(Se você ainda não entendeu eu estou falando da revolução americana). Nunca mais a Holando foi agraciada com esse batalhão de cientistas e intelectuais, foi a época dos mestre da pintura Rembrandt e Vermeer, Frans Hals, de Leeuwenhoek, inventor do mocroscópio, Grotious, fundador do direito internacional e Willebrord Snell, que descobriu a lei da refração de luz. Seguindo nessa tradição, a Universidade de Leiden ofereceu uma cátedra a um cientista italiano, não sei se você conhece, chamado Galileu, que havia sido obrigado pela Igreja Católica, sob ameaça de tortura, a abjurar sua visão herética de que a Terra girava em torno do Sol, e não o contrário. Galileu tinha grandes laços com a Holanda, seu primeiro telescópio astronômico havia sido feito ccom base em um intrumento óptico de design holandês. Esse que o ajudou a descobrir as manchas solares, as crateras da Lua, as quatro grandes Luas de Júpiter, que hoje levam seu nome, satélites de Galileu. O próprio Galileu escreveu para a grã-duquesa Cristina:

"Há alguns anos, como vossa alteza sereníssima bem sabe, descobrimos nos céus muitas coisas que não tinham sido vistas antes de nossa própria época. A novidade dessas coisas bem como algumas consequências que se seguiram a elas, contradizendo as noções de física em geral sustentadas entre filósofos acadêmicos, atiçaram contra mim um número não pequeno de professores [muitos dos quais eclesiásticos] - como se eu tivesse colocado essas coisas no céu com minhas próprias mãos para contrariar a Natureza e derrubar as ciências. Parece que eles esqueceram que o incremento no conhecimento das verdades estimula a investigação, o estabelecimento e o crescimento das artes."

A conexão entre Holanda como potência exploradora e Holanda como centro intelectual e cultural é muito forte. O aperfeiçoamento dos navios a vela incentivou tecnologias de todos os tipo. O avanço tecnológico exigia a busca mais livre por conhecimento, de forma que a Holanda se tornou a principal publicadora e vendedora de livros do mundo, traduzindo obras escritas em outras linguagens e permitindo a publicação de obras proscritas em outros lugares. Pessoas gostavam de trabalhar usando as mãos, e as invenções passaram a ser premiadas. Aventuras em países diferentes e exóticos, assim como encontros com sociedades estranhas fizeram estemecer complacências, desafiaram pensadores a reconsiderar a sabedoria prevalente e mostraram que ideias já escritas a milhares de anos estavam erradas, como na geografia. Numa época de despotas esclarecidos, a República da Holanda era governada, mais do que qualquer outra nação, pelo povo atravéz de um sistema democrático republicano. A abertura da sociedade e seu estímula à vida mental, seu bem-estar material e seu comprometimento com a exploração e utilização de novos mundos criaram uma jubilosa confiança no empreendimento humano.

Na Itália, Galileu tinha anunciado novos mundos e Giordanio Bruno, especulado sobre formas de vida. Por isso foram submetidos a brutal sofrimento. Porém na Holanda o astrônomo Cristiaan Huygens, que acreditava nos dois, foi coberto de honrarias. Era o filho do diplomata e folósofo escrito acima. Após seu primeiro encontro, Decartes escreveu sobre seu pai: "Não consegui acreditar que uma única mente pudesse se ocupar com tantas coisas e se equipar tão bem com todas elas". A casa de Huygens era cheia de mercadorias de todas as partes do mundo. Pensadores eminentes de outras nações eram hóspedes frequentes. Tendo crescido nesse ambiente, Christiaan Huygens tornou-se adepto, ao mesmo tempo, de línguas, desenho, direito, ciência, engenharia, matemática e música. Seus interesses e lealdades eram amplos: "O mundo é meu pais", disse, "a ciência pe minha religião". A luz era um tema predominante naquele tempo: a simbólica Iluminação da liberdade de pensamento e religião, da descoberta geográfica, a luz em obras de Vermeer, a luz na investigação científica, como no estudo de Snell sobre refração, a invenção do microscópio por Leeuwenhoek e, do próprio Huygens, a teoria do movimento ondulatorio da luz. Todas essas atividades eram conectadas e seus praticantes combinavam-se livremente, como "Avatar: a lenda de Aang" nos ensinou: os antigos e sábios se conhecem. OS interiores das obras de Vermeer estçao caracterizadamente cheios de artefatos náuticos e mapas de parede. Microscópios eram curiosidades de sala de estar. Leeuwenhoek foi o testamenteiro do espólio de Vermeer e era visita frequente na casa de Huygens.

O microscópio de Leeuwenhoek evoluiu a partir das lupas usadas por comerciantes de tecidos para examinar a qualidade da mercadoria. Com ele, Leeuwenhoek descobriu um Universo numa gota d´água: os micróbios, que descreveu como "animalículos" e achou "bonitinhos". Huygens contribuiu para o projeto dos primeiros telescópios, com os quais ele mesmo fez muitas descobertas. Leeuwenhoek e Huygens estiveram entre as primeiras pessoas que viram as células do esperma humano, pré-requisito para compreender o processo de reprodução. Para explicar como micro-organismos se desenvolveram devagar em água previamente esterelizada, Huygens sugeriu que eram pequenos o bastante para flutuar no ar e se reproduzir ao pousar na água. Ele criou uma alternativa para a geração espontânea. Dois séculos depois, no tempo de Louis Pasteur, a especulação de Huygens se demonstrou correta. Esses dois também são os avós da teoria dos germes, portanto, da grande parte da medicina moderna. O interessante é que eles não tinham objetivos práticos em mente, estavam apenas remexendo numa sociedade tecnológica, e conseguiam apoio e incentivo tanto público quanto privado.

O microscópio e o telescópio, ambos desenvolvidos na Holanda no início do Século XVII, representam uma extensão da visão humana para os reinos e mundos muito pequenos e muito grandes. Nossas observações de átomos e de galáxias começaram naquele lugar. Huygens gostava de polir e fazer lentes para telescópios astronômicos e contruiu um com cinco metros de comprimento. Suas descoberta só com esse telescópio lhe garantiriam um lugar de destaque nos grandes cientistas da história humana. Nas pegadas de Erastóstenes, foi a primeira pessoa a medir o tamanho de outro planeta, foi também o primeiro a perceber que Vênus é todo coberto de nuvens, o primeiro a observar uma formação da superfície de Marte, e a observar o aparecimento e desaparecimento dessas formações a partir que o planeta gira, o primeiro a determinar o dia marciano como tendo 24 horas, o primeiro a reconhecer que Saturno tinha um sistema de anéis que nunca tocava o planeta. E foi o descobridor de Titã, a maior Lua de Saturno e a segunda maior do Sistema Solar. Tudo isso com vinte e poucos anos de idade. Eu também esqueci de falar que ele achava astrologia uma bobagem. Esse cara é o bicho ou não?

Fases de Saturno

Huygens fez mais do que isso. Um problema da época era determinar a longitude, a latitude poderia ser determinada com facilidade pelas estrelas - quanto mais ao Sul, mais constelações do hemisfério sul eram visíveis. Mas longitude exigia uma precisão do tempo. Um relógio de boa medição especificariam a hora do nascer e do por do sol, isso no porto de origem de um barco e não na sua posição atual. O nascer e o por do sol, junto com as estrelsa, forneceria a hora local. A diferença entre as duas mostraria a longitude. Lembrando que a longitude tem seu ponto zero em Londres, e que, como a Terra é circular, o sol não se poe no mesmo tempo, quanto mais a oeste do ponto, mais tempo demora para o sol se por, comparando com o horário de Londres, e quanto mais a Leste, mais rápido o Sol iria se por. Huygens inventou o relógio de pêndulo(com um princípio descoberto anteriormente por Galileu), que foi então empregado, não com absoluto sucesso, para calcular posições no meio do Oceano. Seus esforços deram numa precisão sem precedentes em relógios astronômicos e outros relógios náuticos. Ele inventou o balancim com mola em espiral, ainda usado em alguns relógios, fez várias contribuições para a mecânica - como o cálculo da força centrífuga, e a partir de um jogo de dados, a teoria das probabilidades. Aperfeiçoou a bomba de ar, que mais tarde revolucionaria a indústria da mineração, e a "lanterna mágica", que antecederia o projetos de slides. Inventou também uma coisa chamada motor a pólvora, que influenciou o desenvolvimento de outra máquina, o MOTOR A VAPOR.

Relógio de Pêndulo Relógio de Pêndulo Lanterna mágica de Huygens Lanterna mágica de Huygens Motor de pólvora do Huygens Motor de pólvora do Huygens

Huygens ficou encantado com a visão copernicana da Terra como um planeta que se move ao redor do Sol. É interessante também a grande aceitação que teve esssa teoria na sociedade holandesa, mesmo as "pessoas comuns" a aceitaram. De fato, disse ele, Copérnico foi reconhecido por todos os astrônomos, exceto aqueles que "eram um pouco ignorantes ou tinham superstições impostas por meras autoridades humanas"(Fica bem evidente, analisando essa frase, que Copérnico era um católico cristão que não tinha superstições impostas por autoridades humanas, ele desejava a verdade e não tinha medo dela). Durante toda a idade média, vários filósofos acadêmicos cristãos contestavam isso, o que é um pensamente lógico considerando que não vemos a terra em nossos pés se mover. Também usavam o mesmo argumento para negar a ideia de que o universo teria uma extensão infinita, ou muito grande, e portanto era impossível haver um número infinito de mundos. A descoberta de que a Terra que gira ao redor do céu teve importantes implicações para o conceito da singularidade terresre e a possibilidade de vida em outros locais, visto que como a Terra orbita uma das tantas estrelas ela não seria o centro de tudo e, logo, não teria importância no universo. Copérnico afirmara que não apenas o Sistema Solar, mas todo o universo, era heliocêntrico, e Kepler negara que estrelas tivessem sistemas planetários. A primeira pessoa que expressou a ideia de um grande - infinito - número de planetasem torno de sóis foi Giordano Bruno. Todos correlacionaram essa ideia com as descobertas de Kepler e Copérnico, e isso os deixou horrorizados. Huygens abraçou essa ideia com fervor e alegria: no outro lado do mar do espaço as estrelas são outros sóis. Huygens inferiu também que algumas estelas teriam seus próprios sistemas planetários e que estes poderiam ser habitados:

"Se não admitirmos que esses planetas sejam mais que vastos desertos [...] se os despojermos de todas essas criaturas que com mais clareza sinalizam seu arquiteto divinom nós os estaríamos relegando a algo inferior à Terra em beleza e dignidade, algo muito desarrazoado. "

Essas conclusões foram apresentadas no livro "Os mundos celestiais descobertos: Conjecturas a respeito de habitantes, plantas e produção dos mundos nos planetas", essa obra foi escrita antes do Huygens morrer, pouco antes, e foi admirada e amplamente divulgada, o tsar Pedro gostou tanto que esse livro se tornou o primeiro produto da ciência ocidental a ser publicado na Rússia, o primeiro de muitos. O livro fala em grande parte sobre a natureza e os meios ambientes dos planetas, e também tem umas figuras bem caprichadas sobre o tamanho dos planetas e do Sol, uma comparação entre eles bem fiel a realidade, a mais fiel que foi feita até então. De modo geral o livro é uma ficção científica, que mostra o meio ambiente e os habitantes de outros planetas, que ele chamou "planetarianos", que eram bem diferentes de nós humanos fisicamente. Sobre isso ele disse: "é uma opinião muito ridícula [...] a de que uma alma racional não poss ahabitar um corpo com outra forma que não a dos nossos", você pode ser inteligente, mesmo se seu aspecto for peculiar. Mas mesmo assim eles não eram tão peculiares, tinham pés e mãos, deviam ter escrita e geometria, andar eretos, e que Júpiter tinha seus quatro satélites para promover ajuda navegacional aos marinheiros nos oceanos jovianos(aaté então só era conhecido as 4 luas de Júpiter que Galileu achou, hoje temos confirmação de 69 luas ao redor de Júpiter). Ele tinha uma crença em Deus bem presente, e chegou a argumentar que os planetas ddeviam ser habitados, caso contrário, Deus teria feito os planetas para nada. Viveu antes de Darwin, então não pode ter um ponto de vista evolucionário para os habitantes extraterrestres, mas foi capaz de desenvolver, com base na observação, algo parecido com a perspectiva cósmica moderna:

"Que esquema maravilhoso e espantodo temos aqui na magnífica vastidão do universo [...]. Tantos sóis, tantas terras [...] e cada uma delas estocadas de tantas plantas, árvores e animais, adornada de tantos mares e montanhas! [...] E como têm de aumentar nosso assombro e nossa admirição quando consideramos a distância prodigiosa e multiplicidade das estrelas".

As espaçonaves Voyager são descendentes daquelas viagens de exploração de veleiros, e da tradição científica e especulativa de Christiaan Huygens. As Voyagers são caravelas direcionadas às estrelas, explorando no caminho esses mundos que Huygens conhecia e tanto amava. Uma das principais e mais importantes e valiosas mercadorias que eram trazidas pelos navegaores eram as histórias dos viajantes. Histórias sobre criaturas fantásticas, países alienígenas, montanhas até o céu, dragões, etc. Algumas eram somente em parte verdadeiras, outras completamente falsas. Pelas mãos de Jonathan Swift e Jules Verne por exemplo, esses relatos estimularam uma nova perspectiva da sociedade, impondo uma reconsideração daquele mundo insular.

As Voyager fazem exatamente a mesma coisa. Contam as histórias das províncias que passa, existem histórias de um planeta tão quande quanto mil terras, com cor de pizza, formato de batata, e luas minúsculas. Com vulcões e lagos derretidos de enxofre que expelem fumaça direto no espaço, o paneta Júpiter, que faz a Terra parecer uma formiga. A espaçonave Voyager 2 nunca retornará à Terra, mas seus achados científicos, suas descobertas épicas, suas histórias de viajante, retonarão. Como no dia 9 de julho de 1979, às 8h04m daquela manhã, as primeiras imagens de um mundo novo, chamado Europa em homenagem a um mundo antigo, foram recebidas na Terra. A luz solar brilha em Europa, em sua órbita em torno de Júpiter, e se reflete de volta para o espaço, onde atinge os fósforos das câmeras de TV da Voyager, gerando uma imagem. A imagem é lida pelos computadores da nave, e é enviada até um radiotelescópio a meio bilhão de quilômetros, num planeta chamado Terra. Nessa missão em específico o radiotelescópio que recebeu a informação foi o da Austrália, mas existem outros, que enviou as informações para um satélite que mandou para a sede do laboratória de propulsão a Jato, da Nasa. É tirado umas 18 mil fotos, que se aglutinam e formam apenas 1.

lua Europa lua Europa

As Voyager tiraram fotos de Lo, uma lua interessante e com vulcões ativos que expelem enxofre até o espaço, Lo tem mesmo bastante enxofre em sua superfície e atmosfera, descobertas da Voyager 2, foi descoberto uma espécie de "maré gravitacional" que ocorre nas luas por causa da proximidade com Júpiter, a força gravitacional do planeta não é para qualquer um, o que aumenta o calor, a pressão sobre as luas e a radiação. Uma presença permanente de humanos nessas luas não é impossível, apenas muito difícil. Os futuros exploradores humanos vão ficar embasbacados quando virem Júpiter de perto, eu pelo menos sentiria um baita de um frio na barriga. Se Júpiter tivesse uma massa dezenas de vezes maior, a matéria em seu interior teria passado por reações termonucleares e teria começado a brilhar sua própria luz. "O maior planeta é uma estrela que não vingou". Mesmo assim suas temperaturas são incrivelmente altas. Se analisarmos a parte infravermelha, Júpiter é uma estrela, considerando seu grande calor e seu tamanho. Se Júpiter fosse visivelmente uma estrela, teríamos noites bem raras e moraríamos em um sistema binário. As pressões são tã grande que os elétrons são atirados para fora dos átomos de hidrogênio, formando o milagre chamado hidrogênio metálico líquido. Não existe na Terra, se conseguisse ser retirado de Júpiter revolucionaria a industria, por ter uma grande capacidade de condutor. No interior do planeta existem quase rios de hidrogênio metálico. Provavelmente toda essa energia circulando gera o grande campo magnético do planeta, o maior do Sistema Solar. A radiação e partículas solares são absorvidas completamente e geram toda essa radiação e ondas de rádio, não somente no planeta como em suas luas, como Lo.

Em 1950, início da radioastronomia, dois jovens americanos estavam examinando o céu com um radiotelescópio recém-construido e bem sensível, procurando fontes de rádio além do Sistema Solar. Para surpresa deles encontraram uma fonte gigantesca, não catalogada até então e que se movia muito mais rápido que os demais. Assustando e sem explicações plausíveis, olharam para o céu a olho nu e perceberam um objeto muito brilhante e no lugar certo, eles logo identificaram sendo Júpiter. Nossos ancestrais tinham esse mesma visão, a 1 milhão de anos atrás.

Saturno é bem similar a Júpiter, conquanto menor. Faz uma rotação a cada dez horas, tem uma faixa no equador que é bem proeminente. Tem um campo magnético e umu cinturão de radiação menor do que o de Júpiter, porém tem um conjunto mais espetacular de anéis e a lua Titã que é uma das mais promissoras quando o assunto é vida extraterrestre. Quanto mais perto do anel de Saturno, mais rápido um planeta se move, terceira lei de Kepler. Como os anéis estão bem próximos do planeta, não existe uma colisão com as luas. Por causa da absorça dos ventos solares que ocorre em Júpiter e Saturno, as luas podem engoli-la, o que pode acabar sendo o motivo da formação de novas luas.

O vento solar penetra no sistema solar exterior, muito além da órbita de Saturno, o vento que sopra entre os mundos, o topo da atmosfera do sol sendo soprado até o reino das estrelas. A fronteira limite do Império do Sol fica bem para lá de Plutão, duas ou trez vezes a distância de Plutão até o Sol. As missões Voyager não estã destianadas a parar po aí, ela saltará para o oceano do espaço, para ir além do sistema solar, destinada a vagar pela eternidade para longe das olhas estelares e completar sua primeira circum-navegação do maciço centro da Via Láctea dentro de algumas centenas de milhões de anos. Já estamos embarcando em viagens épicas.

Fonte: Cosmos, Carl Sagan (livro)

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